quarta-feira, 17 de julho de 2019

Uma DÉCADA na PRF!!!!

A cada dia que passa, acho inacreditável como é inexorável a passagem do tempo. Hoje, fazem exatamente 10 anos que adentrei os quadros da PRF. Sinceramente, não parece que tem tanto tempo assim. 

Vi e vivi muita coisa dentro da PRF. Tive a oportunidade de presenciar alguns milagres na rodovia, e estes reafirmam a minha crença em Deus e que tudo tem um motivo ou um porquê. Passada uma década sendo guarda, posso falar com toda certeza que por mais que um dia eu venha a sair da PRF, seja para outro concurso ou aposentado, sempre levarei a gloriosa em meu coração. E para comemorar essa data tão célebre, mandei fazer um bolo especial que todos podem ver ao lado. 

Gostaria de agradecer todas as visualizações que tive até hoje no blog. Eu era somente um vintolecente quando tive essa iniciativa e acho que esta pode influenciar alguns a trilhar o sonho de ser PRF, sabendo melhor o que esperar da carreira. 

Queria deixar um abraço especial a todos os colegas que realizaram o curso de formação comigo na escaldante Cuiabá em 2009, quero que saibam que, pelo menos para mim, somos todos irmÕEs, independentemente se permaneceram no órgão, se trilharam outro caminho ou se já estão em um plano espiritual superior. Que Deus todo poderoso, ilumine a todos nós. Muito obrigado...


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Quem nunca?!?!?!

O texto abaixo não é de minha autoria, sendo disponibilizado por um colega em um grupo da PRF. Achei muito engraçada a maneira que o colega expôs uma situação do nosso cotidiano de guarda. Situação parecida já aconteceu comigo mesmo há uns 9 anos atrás. Divirtam-se!!! 😂😂😂😂


"Era mais uma noite normal de serviço. O Polícia abordou um automóvel no perímetro urbano da cidade. Era conduzido por uma senhora loira, bem-apessoada. Um tanto quanto bela mesma. Logo de cara visualizou uma criança de uns cinco anos no banco traseiro, sem cinto ou qualquer outro dispositivo de segurança. Ao solicitar os documentos já foi avisado pela condutora que o licenciamento estava vencido, por falta de pagamento dos encargos. Ao verificar a CNH apresentada, verificou que esta estava vencida a mais de trinta dias. O Polícia então explicou para a agora infratora, que não faria a remoção do veículo, por particularidades administrativas do trecho, mas que era necessário a apresentação de condutor habilitado, já que sua carteira vencida seria recolhida. A loira então disse que chamaria seu marido. Tentou ligar uma vez, mas logo disse tristonha que não tinha crédito em seu chip de celular. O Polícia, mais preocupado com a criança ali naquele horário, fez então uma chamada de seu celular para o distinto, que falou com seu cônjuge e avisou que logo iria ao local.
Pausa. Cerca de trinta minutos depois chega ao local outro automóvel e estaciona atrás do veículo abordado. Saem do veículo dois senhores. O passageiro, aparentando irritação, se identifica como O Marido, e pergunta se está liberado para levar a família para casa. O Servidor Público então solicita a CNH do Marido, para registrar o condutor substituto, sendo que este, após apalpar os bolsos, informa que a esqueceu em casa; porém apresenta uma solução: seu amigo conduzirá o veículo. Levaria a senhora e a criança para casa e voltaria com um outro condutor para buscar o Marido e o veículo em que ambos chegaram ao local. A princípio, uma boa solução. O agente solicita os documentos do Amigo, e depois de conferi-los, convida-o para se submeter ao teste com o etilômetro. O Amigo então, surpreso, declara que tomou umas duas cervejas. É lhe explicado o procedimento para o caso, e a possibilidade de recusar-se a se submeter ao teste. “Quebra meu galho aí seu Guarda! Só vim aqui ajudar”. O agente então, após informar ao Amigo que quem quebra galho é o símio rotundo, propõe uma solução, ainda preocupado com a presença da criança: solicita ao Marido o número de seu CPF, assim após consulta, poderia liberar o veículo. CPF em mãos, o resultado da pesquisa mostra que a CNH do Marido se encontrava vencida a mais de trinta dias. Casal unido. Seu Guarda então já começa a ficar incomodado, e já sem esconder a impaciência, fala aos incautos que teriam que chamar outros dois condutores ao local, já que um era o Bebum e o outro o Impossibilitado.
Pausa. Cerca de trinta minutos depois chega andando ao local um senhor, documentos em dia, resultado do etilômetro 0,00. Assume a direção do primeiro veículo abordado e desloca levando a Bela e sua cria.
Pausa. Cerca de quinze minutos depois chega andando ao local um senhor, para buscar o veículo do Bebum, que a esta hora já havia sido autuado pela recusa. Documentos checados, chega a hora do teste com o etilômetro. “Tomei meio copo de cerveja”, informa o Derradeiro. Polícia então, puto pra baralho, enfia o bocal no Derradeiro (em sua boca, claro), e faz aquele teste manual The Flash. 0,00. “Vocês estão liberados”, diz o Agente emendando: “Agora, vocês são muito sem noção… Enquanto tem gente correndo de blitz, um bebe e vem buscar carro na rodovia, e o outro com carteira vencida quer buscar a Esposa problemática, vá lá”…
Passa de meia-noite. Melhor parar de abordar um pouco. Já se foram mais de dezesseis horas de trabalho..."

domingo, 20 de janeiro de 2019

Fato Inusitado em 2018


Gente, resolvi fazer essa micro-postagem somente para deixar registrado algo que nunca ocorreu desde que entrei na PRF em 2009. Bom, do serviço feito pelo guarda de pista, o quê não gosto mesmo é o atendimento a acidente. Tá certo que o atendimento a acidentes me fez ver muitas situações, que para os ateus são coincidências e para os crentes são milagres. Como acredito que nada é por acaso e Deus comanda nossas vidas, me fizeram reafirmar minha crença em Deus todo poderoso e em como ele é bom conosco. Afinal, presenciei situações que vão além de explicações lógicas ou estatísticas... Contudo, nunca gostei de presenciá-los e, hoje, sofro com a insônia que acredito seja em grande parte devida ao atendimento a acidentes. Só de imaginar as situações, já me dá um ruim por dentro. Engraçado, que antigamente não era assim, e, sinceramente, não ligava de atender acidentes ou ver óbitos... Não tenho frescura, se tiver que ajudar o servidor do IML, faço sem problemas, mas não é mais a mesma coisa... Não me sinto mais normal ou indiferente como era antigamente...

Bom, o motivo do post é que em 2018 fiquei sem atender 1 acidente fatal. Eu já tinha ficado grandes períodos sem atender óbitos na PRF, mas nunca tinha ficado 1 ano inteiro sem atendê-los. Em 2016 atendi 2 acidentes fatais e em 2017 atendi 1 acidente com óbito, mas em 2018, passei o ano inteiro sem atender 1 único acidente com óbitos no local. Agradeço muito a Deus por isso e rogo para que essa bênção do Senhor se repita mais uma vez neste ano de 2019.


Obrigado por tudo Senhor.
Em ti confio.

P.S. Continuo estudando para sair da gloriosa, tenho fé que esse objetivo será alcançado em breve.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Análise do Edital do Concurso PRF 2018

Boa noite, senhores e senhoras. 

Resolvi fazer alguns comentários acerca do novo edital para 500 vagas para a PRF. Não irei comentar o número ínfimo de 500 vagas, não dá para quase nada, mas é o quê tem para hoje, então vamos em frente. 

Sendo bem objetivo acredito que houveram acertos e erros no edital. O principal acerto deste edital foi a análise e correção do principal e maior erro do último certame: a não estipulação da quantidade de questões das disciplinas. Apesar de não discriminar exatamente quantas questões serão cobradas em cada matéria (o quê foi um erro) o edital acertou em prever um grande quantitativo (1/3 da prova) para as questões da principal e mais importante disciplina da PRF: O TRÂNSITO. Finalmente, algum colega com um mínimo de bom senso nessa polícia!!!! Na última prova, mal caiu trânsito e o resultado foi desastroso. Adentraram inúmeros graduados em direito sem a menor vocação para integrar a PRF. Não estou dizendo que vc tem que entrar e ser o super-policial operacional fodão. Seria até uma grande hipocrisia da minha parte, pois hoje não sou mais assim. Contudo, pelo menos vc tem que querer ser "guarda", fazer ronda, realizar abordagens, fiscalizar os veículos, fazer autuações e a pior parte do serviço (atender acidentes). Já vi muito PRF com nojinho e se recusar a colocar a mão em morto acidentado para puxar para fora da pista ou ajudar o IML a ensacar o falecido, a acreditar que ronda é uma perda de tempo e não querer abordar 1 veículo sequer durante todo o plantão.


Bom, voltando a análise do edital que é o que importa aqui neste post. Acredito que o principal erro na elaboração foi ser novamente um edital regionalizado. Meu Deus do céu!!!!! Por que, Senhor??? Não é possível!!!! É muita vontade de fazer m... Fizeram um edital regionalizado em que há a quantidade exata de vagas por U.F. e o que é pior, vc ainda só pode fazer a sua prova para o local em que vc está se candidatando. Olhem só: "7.4.1 Antes de efetuar a solicitação de inscrição, o candidato deverá conhecer o edital e certificar-se de que preenche todos os requisitos exigidos. No sistema de inscrição, o candidato deverá optar por uma cidade de realização das provas, que será obrigatoriamente vinculada à UF de vaga para a qual deseja concorrer." O camarada faz inscrição pra outro Estado e tem que ir lá fazer a prova objetiva e demais fases. O edital está indiretamente selecionando os mais abastados que podem pagar para realizar essas provas e não o melhor qualificado. Este fato provavelmente causará a impugnação do edital e atrasará a realização do certame. Já tem até uma recomendação do CESPE para alterar o edital. Enfim, acho a solução tão simples... Faz um concurso nacional com provas em todas as capitais, são 500 vagas, os 500 melhores adentram a PRF. Antes de ter a lotação dos novinhos, façam um SISNAR (Sistema Nacional de Remoções) prevendo 500 remoções para os atuais PRFs, depois do resultado lotem os novinhos nos locais onde houveram as saídas dos colegas. Caso não dê para remover os 500 colegas por falta de efetivo em determinado local, façam um sisnar menor com 200 vagas e pronto. Não tem problema algum. Tão mais fácil, mas parece que querem reinventar a roda...

No mais achei interessante colocarem como disciplina a história da PRF e acho que podiam ter tirado física. Não vejo a menor necessidade de cair física para ser PRF. Nunca utilizei física para nada na PRF, nem para fazer os boletins de acidente de trânsito e olha que já fiz algumas centenas deles. Também poderiam na avaliação de títulos terem estipulado pontuação por tempo de polícia em outros órgãos. Já vi editais em que era previsto determinada pontuação por ano de polícia com um limite de 5 anos. Acho que seria bem justo para quem quer se manter na carreira policial... No mais não vi grandes alterações no edital. Se achar mais alguma coisa para comentar, depois posto aqui.

Senhores e senhoras, apesar de hoje estar lutando para deixar a PRF, torço do fundo do coração para que todos logrem êxito no certame e que sejam extremamente felizes na PRF. Que a gloriosa seja para vcs tudo de melhor, que tenham um futuro brilhante aqui dentro e se realizem profissionalmente.


Abraço a todos e boa prova.
NW

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Servir e Proteger????

Hoje, entendo o porquê que muitas pessoas não gostam da polícia. Sinceramente, cansei de ver colegas sendo estúpidos com os usuários desnecessariamente, claro que não são todos os colegas que são assim. Na verdade, é uma minoria, mas este fato reflete em toda a categoria e em todas as polícias. Não vejo a menor necessidade de ser estúpido com o cidadão que você está autuando ou prendendo por alcoolemia. Pra quê dar respostas ríspidas para o usuário que nada fez demais pro servidor e somente está lhe perguntando sobre os procedimentos a serem adotados? Se o guarda está prendendo ou autuando um cidadão por alcoolemia, óbvio que ele estará alterado, afinal está bêbado ou como se diz aqui no Paraná, ele estará "cozido". O papel do guarda é ter paciência e informá-lo na medida do possível o que será feito e não espezinhá-lo. Achei que o lema era servir e proteger, mas parece que para alguns é ferrar e humilhar... O pior é vc ouvir de um colega desses que ele tem as qualidades necessária para ser um ótimo chefe dentro da PRF. Sendo que este mesmo colega estava no plantão se vangloriando por ter "chamado o usuário para a porrada". Imagine, se com o usuário ele já é descontrolado assim, como chefe do guarda, então... A cada dia que passa acredito mais que os novinhos "vocacionados" para querer ser chefes devem ter algum tipo de psicopatia ou algo do gênero, pois querem ser chefes para mandar e não para ajudar... E isso não pode ser normal...

Lembrei de um serviço que tirei em um outro posto que não o meu usual na minha atual delegacia e fui autuar um cidadão que estava transitando com seu veículo com o para-brisas trincado e alguma outra infração que agora não me recordo. Bom, sei que informei ao usuário que iria fazer as autuações e realizei o teste do bafômetro nele. Depois, comecei a realizar a autuação e estava preenchendo um formulário de retenção do CRLV do veículo e, neste ínterim, o usuário ficou na porta do posto e começou a falar comigo.

Usuário: Amigo, vai demorar muito?
NW: Não, já estou terminando.
Usuário: No teste do bafômetro acusou que eu estou bêbado?
NW: Fera, não te falei que o resultado foi zero?
Usuário: Então, pq está retendo o meu veículo me impedindo de ir embora?

Neste momento, olhei para o usuário que segurava o celular na mão apontando para mim e perguntei.

NW: Está me filmando, amigo? 
Usuário: "Estou sim, porque? Não pode?". 
NW: Pode sim, absolutamente. Fique a vontade.

Terminei todos os procedimentos e passei a informá-lo sobre os mesmos. Nisto, o usuário me informou que era amigo pessoal do governador Beto Richa aqui do Paraná e me perguntou.

Usuário: Vc conhece Rondônia, policial?
NW: Conheço, sim. Já fui em Vilhena a trabalho, pq?
Usuário: Vcs são removidos com frequência, não é?
NW: Pq? Vai me mandar pra lá?
Usuário: Quem sabe?
NW: Se for me mandar pra outro lugar, me mande pro MT que tenho muitos colegas lá. (Risos)
Usuário: Pode ser, mas ir pra Rondônia é melhor...
NW: Por mim, tanto faz. Sou carioca e ir para um estado mais quente é um favor que vc me faz. Muito obrigado e boa viagem.

Alguns colegas de plantão viram o ocorrido e ficaram surpresos com minha atitude. Um colega até disse: Nossa cara, vc é muito frio!!!!

Enfim, o que ia fazer? Destratar o usuário? Xingá-lo? Humilhá-lo? Pra que? Sejamos maiores que isso e deixemos os usuários seguirem com a vida deles e nós com o nosso trabalho...

Pico de Visualizações

Rapaz, estou estupefato. Eu mal escrevo aqui mais e tive um pico de mais de 300 visualizações em menos de 24 horas no final do mês passado. Sinceramente, achava que ninguém mais entrava aqui e muito menos lia as coisas que posto. Bom, acredito que tenha sido um fenômeno isolado de algum guarda que utilizou do tempo livre para rever as postagens antigas do blog. Quem sabe isso até não me anima a voltar a escrever no futuro??? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos...

sábado, 14 de outubro de 2017

Era uma vez na estrada...

Após muito tempo pensando no porquê resolvi voltar a estudar e sair da PRF, entendi a raiz fundamental da minha decisão. Não é que não ame mais a PRF, eu continuo a amar a PRF, só amo  uma PRF que não existe mais. Sinto-me como aquele marido que olha pra esposa e se lembra que casou com uma mulher completamente diferente da que está hoje ao seu lado e se sente triste e nostálgico. Quando me imaginava na PRF, me imaginava sendo aquele guarda amigo do usuário. O guarda que patrulha o trecho conversando com o colega vendo se alguém precisa de ajuda. O guarda que ajuda a retirar o seu veículo do barranco e que ajuda a "destombar" o carro do usuário na mão para não ter que chamar um guincho sem necessidade. O guarda que dá informações precisas de onde ficam as cidades ou vilarejos, pois conhece cada curva do trecho e a região entorno. Aquele guarda tão camarada, que mesmo o usuário sendo multado, ele sai sorrindo, agradecendo a abordagem e desejando um bom trabalho. O guarda que quase nunca precisa levar problemas pra chefia, pois ele resolve tranquilamente os pepinos que dão no plantão. O guarda que vai no restaurante do trecho, conhece o dono, toma um café e pergunta como estão as coisas e se está tudo bem. Hoje, vejo a cada dia a institucionalização da PRF, esta transparece até nos postos mais modernos. O policial aborda sem dar um bom dia pro usuário, trata todos com frieza, inclusive o outro policial que está no plantão. Tudo, absolutamente tudo, é lançado no papel, até aquilo que não tem nenhuma relevância ou importância para ninguém. Por exemplo: "às 10:27 o guarda tal peidou fedido" - "às 11:32 o guarda fulano deixou o telefone cair no chão, mas o mesmo continuou a funcionar sem danos aparentes" - "às 12:51 o guarda Beltrano deu informação de onde ficava a cidade X ao usuário João das Couves, portador do CPF 123.456.789-00 e que dirigia o veículo LS-123, placa XYZ-7890." 

Antigamente, na PRF, os guardas se conheciam e tomavam uma cerveja juntos, conheciam um a família do outro e se ajudavam mutuamente. Hoje, há uma desvalorização da pessoa do policial, o guarda se torna somente um número. E, o que é pior, há uma presunção de que todo PRF é um vagabundo em potencial. O guarda possui o celular funcional rastreado, viaturas monitoradas, viaturas com câmeras voltadas para dentro, cartão programa para cumprir, metas a serem cumpridas e tenho dó do guarda que não conseguir cumprí-las, pois até pode acarretar na demissão do guarda por improdutividade. Imagino o que sentem os guardas que entraram em 94, que estão com um pé na aposentadoria, vendo no que a PRF se tornou e tendo que cumprir metas ridículas que somente servem para engessar o serviço. A cada dia os próprios guardas arrumam mais e mais maneiras de como controlar e ferrar com outros guardas como se tivessem um prazer sádico em ver o colega se dando mal de alguma maneira. 

Com a atual política e gestão, sinceramente, a PRF é um órgão que visa a extinção e a causa é interna. Assim como um câncer, que inexoravelmente se espalha, adoece o corpo e acaba  provocando a sua morte. Provavelmente, iremos nos incorporar à polícia federal como uma nova espécie de sub-classe e repassar os trechos para a Polícia Militar realizar o patrulhamento. Se eu estiver vivo daqui há 30 anos, contarei com muito orgulho e nostalgia para os meus netos várias histórias que vivenciei nas curvas da estrada e outras que ouvi outros guardas me contarem na época em que trabalhei em um órgão excelente, que prestava um serviço humanizado, e que, infelizmente, não existe mais...

P.S. Em qual posto você preferiria trabalhar? Em um posto antigo humanizado ou em um posto novo que mais parece uma praça de pedágio? Detalhe: o plantão é no padrão da PRF em 2 guardas...


Posto Raiz
Posto Nutella

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

A carência de um louco...

O plantão transcorria sem maiores alterações, sem acidentes ou nada de relevante. Estava no computador de frente para a rodovia, quando de repente vejo com a visão periférica uma moto passar muito rápido do lado da garagem do posto. Com o susto pulei da cadeira, saquei a pistola e fui até a porta do posto para ver o que estava acontecendo. Um cidadão tinha parado a moto embaixo da cobertura onde ficam as viaturas. Ao me ver abrindo a porta com a pistola na mão, ele desce da moto e levanta as mãos, vindo em minha direção. Perguntou se podia falar comigo, disse que sim, sem problema algum, coldreei a pistola e perguntei o que estava acontecendo. Esse cidadão veio e começou a relatar que estava sendo perseguido, que estavam querendo matá-lo e que se eu não o ajudasse ele iria morrer. Perguntei para ele: "Quem quer lhe matar, homem?". O cidadão responde: "Todos!! Já fui na polícia civil e eles não fazem nada, já fui na militar e, também, nada fizeram. Sei dos casos de corrupção na cidade e quero fazer uma delação premiada como na operação lava-a-jato". Nessa altura da conversa, entendi que o camarada devia sofrer de alguma espécie de problema mental. Acredito que a característica mania de perseguição relatada fosse um indicativo de um quadro de esquizofrenia ou algo parecido. O cidadão falava e falava sem parar... Nesta hora, um colega chega de uma audiência do fórum e estaciona a viatura ao lado do posto. Virei para o louco e disse: "Meu amigo, chegou o meu chefe e ele vai saber resolver o seu problema. Fale com ele..." Com isso apontei para o colega que vinha para o posto. O colega entrou e disse só para o colega ouvir: "Já escutei o bastante, estou ouvindo tem uma meia hora já. Divide a carga comigo." E foi o louco falar com o colega. Disse tudo aquilo que tinha me dito, as "perseguições", que ia morrer, etc. O colega tentava de todo jeito se livrar do maluco, que queria por que queria ser preso. Pedia para o colega o prender. O colega dizia que não tinha porquê que ele não havia feito nada de errado, etc. Em determinado momento, o cidadão fala pra colega: "Então, sou uma pessoa de bem, pode perguntar lá na Copel que eles vão confirmar, pergunte pelo João Loco. Só estou querendo ajuda..."

Com essa fala, tive a confirmação definitiva da loucura do homem. Afinal, se ele era conhecido como louco e com aquele perfil, não podia ser outra coisa mesmo. O sr. João queria deixar a moto ali no posto, o colega disse que não podia ficar o veículo estacionado ali e tals, e conseguiu despachar o doido embora que saiu com a moto a milhão pela rodovia.

Passado o incidente, voltamos a rotina normal das atividades do posto. Após mais ou menos 40 minutos, recebemos a informação de um acidente no perímetro urbano da cidade. Uma colisão traseira envolvendo um táxi da cidade. Desloquei com o mesmo colega para averiguar o ocorrido. Chegando ao local, o taxista disse que o camarada no carro de trás estava perseguindo ele, dirigindo  como um doido e que acabou batendo em sua traseira de propósito. Quando fomos falar com o causador do acidente, imagine a nossa surpresa ao descobrir que era o mesmo Sr. João que tinha ido no posto pedir para ser preso. A gente não acreditava em tanta necessidade da atenção da polícia. Atendemos o acidente e pedimos para o Sr. João soprar o bafômetro e ele começou a enrolar e fingir que soprava e tals. Vi que estava fazendo corpo mole e disse: "Amigo, vc não quer ser preso? Tá aqui sua oportunidade! Se vc soprar e der acima do valor legal da multa, a gente te leva preso." Pronto, foi o suficiente para o João Loco soprar o bafômetro com toda a força de seus pulmões. Quando vi a seta do etilômetro ir de um lado para o outro, já esperava um valor diferente do zero. Infelizmente para o Sr. João, não deu o valor suficiente para ser encaminhado para a polícia civil, somente para tomar a multa de R$ 2.934,70, ter seu carro rebocado para o pátio do posto e sua CNH recolhida. Após o atendimento do acidente e de ter o carro guinchado, o Sr. João foi liberado para ir embora a pé para casa. Triste sem ter conseguido obter êxito em seu intento de ser preso, o Sr. João acende um cigarro, abaixa a cabeça e começa a andar por uma das ruas marginais da cidade indo em direção a sua casa.

P.S. Após uma semana, tivemos a notícia que o Sr. João foi preso pela Polícia Militar por tentar forçar que sua filha de 16 anos embarcasse em um ônibus com destino a capital para que ela não fosse morta pelos "perseguidores".

terça-feira, 25 de julho de 2017

Nunca Imaginei que Ficaria Tão Desesperado Para Sair Daqui...

Que Deus me dê forças, sabedoria e paciência para saber como lidar com esta situação. Sei que um pedaço meu morrerá na estrada na hora que eu sair da PRF, mas não há volta. Minha vida pode estar na estrada, mas não mais na PRF..










quarta-feira, 24 de maio de 2017

Dark Side of The Force 2

Senhores, desculpem-me pela ausência, estou me revezando no trabalho, estudo para sair da PRF e nos meus afazeres com a minha família.

Não sei se alguém se recorda, mas fiz um post relatando o contato que tive com um colega que todos os colegas com quem trabalho sabiam que era carta marcada para que este fosse preso, pois veio fugido de outra delegacia e que era "O POLICIAL". Bom, os fatos que relato aqui em diante ocorreram no fim-do-ano de 2016 e não postei antes de propósito esperando que as coisas esfriassem, pois na verdade o colega era "O BANDIDO".

Então, trabalhando com um antigo gente boa que só está esperando a aposentadoria, quando um colega (Bob) entrou em contato comigo via zap. 

Bob: Opa, fala NW, tudo tranquilo?
NW: Susse, amigo. Que que vc manda?
Bob: Ehhhhh, final de ano vai ser só vc e eu na escala.
NW: Ué, e o outro colega (era o mau-elemento)?
Bob: Tá sabendo, não?
NW: Não, o que?
Bob: Cara, ele foi preso em Santa Catarina.
NW: Sério? Estava em missão lá e a corregedoria pegou ele?
Bob: Não, mano. Ele foi com mais 3 elementos assaltar um banco mesmo lá, a parada deu errado e os PMs prenderam ele...

Sinceramente, fiquei surpreso na hora. Sabia que o cara não prestava, mas não imaginei que chegasse a este ponto. Pensei nessa hora, que realmente estou no caminho certo e que tenho que sair da PRF. A instituição não tem nada a ver com isso, sei que vou sentir falta dela, muita falta da minha rodovia e do meu trecho, mas sei que esse mundo não é pra mim e não quero ter nada a ver com esse povo... Só de imaginar o risco que corri ao trabalhar com este indivíduo até me tira o sono...