Como está se tornando um costume, a ordem unida está cada vez mais rápida. Estamos nos atendo só ao básico do básico, nada muito elaborado ou demorado. Acabando esta formalidade tivemos 2 aulas teóricas na parte da manhã.
A primeira instrução do dia é, basicamente, o amparo legal do policiamento. Ou seja, vemos muito direito constitucional, administrativo, penal e processual penal. Como esta aula é a primeira instrução do último dia da semana, a tora comeu solta. O colega que senta ao meu lado possui uma habilidade incrível de dormir em segundos. Na grande maioria das aulas teóricas, ele passa dessa forma, dormindo.
A segunda instrução fora a de armas curtas. Achei que seria bem mais interessante que a aula anterior, mas que nada. Não chegamos nem a pegar na PT. A instrução inteira consistiu em visualizar as posições corretas de como sacar a pistola, fazer a visada (mirar) e coldreá-la novamente. Ficamos o tempo todo vendo um instrutor demonstrar esses procedimentos, sendo tudo extremamente teórico e bem monótono, demorando muito a passar o tempo.
A terceira instrução já foi diferente, sendo totalmente prática. Tivemos que formar igual na ordem unida, só que de kimonos para a aula de defesa policial. Ainda no vestiário, constatei que vários colegas nunca tiveram nenhum contato anterior com artes marciais. Perdi as contas de quantas faixas tive que amarrar para os colegas. Depois de formar, entramos em 2 micro-ônibus da PRF e nos dirigimos para uma quadra coberta, lá estava semi-montado um tatame. Algumas placas eram daquelas de encaixar tipo quebra-cabeças, outras eram placas simples sem encaixe que ao menor dos toques deslizavam, não sendo das mais apropriadas para a prática. Já treinei antes nesse tipo de tatame e é muito fácil de você cair ou prender e torcer o pé em um dos vãos entre as placas. Contudo, fiquei muito feliz de sair da sala-de-aula e fazer uma instrução prática.
No início da instrução, realizamos um aquecimento muito puxado, correndo pelas bordas do tatame, realizando flexões de braço, sugados, polichinelos, abdominais, etc. Ao término do aquecimento, vários colegas estavam pingando de suor e ofegantes. Claro, óbvio, que eu era um deles, pois apesar de ter me preparado para o TAF, não tenho mais a constituição e preparo físico de quando praticava mais assiduamente artes marciais e musculação. Dos instrutores, um era faixa preta em aikido tradicional e passou alguns exercícios de movimentação para serem executados. Apesar de estar sem treinar há algum tempo e não conhecer aquele exercício especificamente, não demorei pra pegar o jeito de como fazê-los. Depois, o intrutor demonstrou que queria que fizessemos algumas cambalhotas. Fiquei um pouco preocupado e pensei: "será que ele irá tentar ensinar a galera a fazer rolamentos? Não, é impossível, os riscos de lesões são muito grandes para ensinar os rolamentos em apenas 1 hora de aula." Logo, as minhas suspeitas se mostrariam fundadas. Os movimentos começaram do solo, mas logo eles evoluíram para a posição agaixado e posteriormente de pé. A galera se atrapalhava toda, muitos caíam de costas no chão, dando cabeçadas e ombradas no tatame, alguns chegavam até a cair sobre os próprios braços. A turma era só gargalhadas, uns rindo das trapalhadas dos outros. Somente eu não ria da situação, pois sabia exatamente o quão arriscado aquilo era e que uma lesão séria podia acontecer. Caso ocorresse algum acidente, não só a pessoa seria eliminada do concurso, como acarretaria sequelas pelo resto da vida. Afinal, um braço quebrado contra a articulação do cotovelo seria algo que o indivíduo teria que lidar até o dia de sua morte.
Entendo que o tempo hábil para se ensinar esse tipo de coisa é escasso, mas, particularmente, achei muita irresponsabilidade do instrutor submeter as turmas a este procedimento. Contudo, quem sou eu para criticar o quê um instrutor acha certo ou errado? Enfim...
Continuando, no final da instrução, fiquei orientando um colega a maneira adequada de realizar um rolamento e deixei para tomar banho por último. Fui o último a sair e todos estavam me esperando, fui chamado a atenção pelos meus próprios colegas. Mais uma vez, eu me ferro por ser altruísta e querer ajudar os outros. Detalhe, na saída do ginásio chovia torrencialmente.
Levamos alguns minutos e chegamos de volta ao Cesuc, ainda chovia como se não houvesse amanhã. Saí do micro-ônibus correndo atrás da galera para conseguir não me molhar muito. Na hora que coloquei os pés na área coberta que tinha o piso liso, foi o pé direito para cima, sendo seguido pelo esquerdo e BUM! Foi um senhor estabaco, digno de video-cassetada do faustão. Os colegas que estavam ao meu lado me ajudaram a me levantar, perguntando se eu estava bem, se eu tinha me machucado. Graças a Deus, não me aconteceu nada, somente um pequeno arranhão na minha perna direita por causa de uma pilastra no caminho. Agradeci aos colegas pela atenção e fui almoçar apenas um pouco sem graça pelo ocorrido.
Após o almoço, colocamos a reoupa de ed. física e a sunga por baixo, iríamos ter a primeira aula de natação. Novamente em forma, nos deslocamos juntamente com outra turma para o ônibus e os 2 micro-ônibus para rumarmos para a UFMT, indo para a mesma piscina em que fizemos o TAF.
Durante todo o trajeto de ida e volta para as atividades externas ao Cesuc é uma zona dentro dos ônibus. Não vejam a palavra "zona" como algo ruim, esta é muito bem-vinda, pois faz com que gargalhemos muito uns dos outros, o quê alivia a tensão e o estresse do CFP.
Quando chegamos à UFMT, que decepção a piscina estava trancada. Ficamos esperando vários minutos e nada... E nessa hora que voltava a chover em Cuiabá, pensei: "Bom, acho que a gente vai voltar para os ônibus e rumar para o Cesuc." Nada disso aluno, vamos fazer alguns exercícios que visem aumentar a flexibilidade; e, assim, o fizemos. Em dupla, cada um alongava o colega e vice-versa; e a chuva continuava a cair e nos molhar por completo. Faltando uma meia-hora para acabar a aula, apareceu um zelador do nada e abriu o portão e tivemos acesso a piscina. Nadamos diversas vezes a extensão da piscina ao comando dos instrutores. Ao final da instrução, pegamos os micro-ônibus e retornamos ao Cesuc mais uma vez. Só um porém que esqueci de comentar, como os instrutores acharam que não teríamos acesso a piscina; eles mandaram a gente guardar as coisas nos micro-ônibus, assim, no retorno, colocamos a roupa de ed. física com o corpo todo molhado.
Já no Cesuc, tivemos uma aula teórica como última instrução. Nesta aula, foi exibido um pequeno documentário de mais ou menos meia-hora de duração. Perdi as contas que a instrutora pediu para eu acordar o colega que estava ao meu lado.
Ao término da aula, fomos nos formar para a ordem unida. Lá devido às turmas Charlei e Delta que bateram palmas e assobiaram para as colegas na instrução de ed. física no momento que estas vieram de maiô, levamos um baita esporro por conta. Os instrutores falaram que não era uma atitude que se esperaria de futuros policiais e blá blá blá. Resumindo, pagamos 30 flexões bem sofridas e 150 polichinelos. Muita gente quase colocou o almoço pra fora com a repressão que levamos.
Após a bronca unida, fomos para a sala-de-aula, lá conhecemos o novo orientador pedagógico que viera para substituir o antigo que voltou para o seu estado de origem. Graças a Deus acabara a semana e amanhã é domingo...
Fala Night,
ResponderExcluirque belo fechamento de semana hein...Mas esse dia de relato me fez lembrar bastante algumas coisas do Exército.Valeu por mais uma injeção de motivação.
Abraço!
Owl Road