17º Dia... Abordagens...

 Hoje, tudo começou muito corrido. A ordem unida foi praticamente simbólica, sendo realizada muito superficialmente e rápida. Logo na sequência, fomos em 2 vans ao estádio de futebol de Cuiabá. Lá chegando, ficamos no fosso na beirada do campo, para termos nossa primeira instrução de "técnicas de abordagem". A instrução fora dada por 4 instrutores, explicando como proceder ao abordar os cidadãos e os infratores. Fizemos vários grupos de 4 alunos e praticamos as técnicas que nos ensinaram sob o agradável clima cuiabano. Em determinado momento, tivemos que deitar no chão para realizar os procedimentos. O calor era tanto que os colchonetes pareciam cobertores térmicos sob o sol escaldante de meio-dia.

Infelizmente, ocorreram 2 fatos bem chatos no decurso da aula. Um deles foi o tempo restrito para a execução de todas as técnicas, pois nem todos os alunos praticaram todas as situações demonstradas pelos instrutores. O segundo fato foi uma chamada feita por um dos instrutores  a um colega. Na hora não deu pra sacar direito o que tinha ocorrido. Só deu pra perceber que foi aquele esporro.  Depois, os colegas me contaram o que havia acontecido, o que eu ouvi foi que o colega estava revistando um colega, que se passava por um cidadão suspeito, e na abordagem não tinha colocado o "suspeito" na posição adequada de revista. Quando o instrutor perguntou o porquê que ele não tinha realizado o procedimento correto, o colega disse que não o colocou na posição demonstrada por esta ser muito incômoda para o colega. O instrutor, segundo me foi relatado, já chegou esculaxando o colega, dizendo: "Aluno, o sr. não mandou ele abrir os braços e as pernas para que ficasse na posição correta!!!! Se fosse uma avaliação, eu reprovaria o sr. sem pena!!!! Sua nota na prova seria ZERO!!!!"

Após o ocorrido, no meio de uma explicação, este aluno perguntou sobre a prova que iríamos realizar. Outro instrutor deu o maior esporro na turma, falando que não tínhamos que nos preocupar com avaliações, e , sim, com a futura vida profissional; pois eram aquelas técnicas que eles estavam ensinando que iriam salvar as nossas vidas ou a de um outro colega, etc...etc...

Ainda nessa instrução, outro aluno tomou as dores do colega e falou que todos estávamos preocupados com as avaliações. Já que se tirássemos menos de 50% em alguma das provas estaríamos reprovados e, consequentemente,eliminados do certame.

O instrutor argumentou, resumidamente, que não deveríamos nos preocupar; pois os instrutores sabem do que cada aluno é capaz e quem dará a palavra final são os próprios instrutores e não os avaliadores do CESPE, que somente observarão as provas.

Acabada essa instrução, pegamos as mesmas vans e deixamos o estádio do Verdão para trás, retornando ao Cesuc. Acredito que o incidente fora lamentável, não quero passar a mão na cabeça de ninguém, mas acho que há maneiras melhores de contornas esses acidentes de percurso.

Chegamos ao Cesuc e tivemos a nossa segunda instrução de legislação de trânsito. A aula fora muito boa, sendo utilizados muitos slides com fotos "engraçadas", mas dentro do contexto da instrução. As fotos prendiam a atenção dos alunos impedindo a toração. Das que me lembro, tinha uma foto de uma viatura atolada na BR-163, outras tinham cobras e jacarés atravessando a rodovia, e até uma outra de uma onça dormindo dentro da viatura. Durante a aula também tivemos inúmeros "causos" relatados pelos instrutores. Como disse antes, a instrução foi muito boa, quem medera que todas as instruções fossem como esta.

Após o almoço, tivemos uma outra instrução teórica, tenho pena desse instrutor. Por mais que ele se esforce, ninguém consegue prestar atenção na aula, pois a matéria já é de sapiência de todos os candidatos que aqui estão. Então, há uma espécie de torada e bocejada coletiva que durou até o final da instrução.

A última instrução do dia foi totalmente prática. Fomos divididos em 3 grupos, de 20, 10 e 9 componentes. Primeiramente, tive a experiência de municiar e desmuniciar o carregador e alimentar a carabina, pudemos realizar esse procedimento várias e várias vezes. Claro que a munição era de manejo, ou seja, ela não tinha a espoleta e nem pólvora, sendo impossível de ser disparada.

Depois disso, o meu grupo foi praticar como municiar e desmuniciar as calibre doze. O departamento utiliza 2 modelos distintos das espingardas calibre 12, e pela primeira vez tive o contato com o modelo mais novo e mais leve. Das diferenças entre os modelos, notei que o modelo novo é muito melhor que o outro; a alimentação é muito, mas muito, mais fácil. Da mesma forma que as carabinas realizei várias vezes este procedimento, tendo treinado bastante com a munição de manejo.

Após, fizemos um treinamento de visada (fazer mira). Constatei que a carabina não é tão leve quanto parecia. Depois de alguns minutos na mesma posição o braço ia cansando e a carabina aumentava gradativamente o seu peso. Fomos instruídos como deveríamos nos posicionar corretamente. A posição das pernas, do tronco, dos braços, a cabeça, etc. Não sabia que era tão complexo apenas fazer mira com uma arma longa. Fizemos também um exercício de tirar a mira de uma pessoa, colega ou inocente, que passasse na sua frente. Claro que também treinamos a posição de segurar a arma em posição de descanso. Excelente instrução, a cada aula que passa, me sinto mais familiarizado com as armas e muito mais confiante. Com o contato com as armas no nosso cotidiano, espero ansioso pelas aulas de tiro.

Ao final do dia, veio uma ordem unida bem tranquila. Os instrutores estão pegando cada vez mais leve conosco, graças a Deus. Até estamos sendo liberados quase no horário previsto. hoje somente tivemos que pagar 50 polichinelos. Consegui até estudar algumas matérias da apostila depois de chegar em casa.

P.S. Durante a troca de roupa no vestiário para podermos seguir destino e irmos embora, fora feita uma versão sertaneja do hino do MT. A letra era a mesma, somente a melodia que mudava e muito. Foi uma comédia!!! Geral cantava, parecendo um bando de roceiros!!! As gargalhadas eram ouvidas por todo o Cesuc e não fomos repreendidos por nenhum dos instrutores.