Mais um acidente e outro plantão enrolado

O plantão iniciou normalmente. Chegamos ao posto e depois que acabei de ler o relato da equipe anterior e abrir o livro de equipe, defini que 2 colegas sairiam em ronda de manhã. Após alguns contratempos o Sena saiu junto com o antigo para a ronda. Pedi que aproveitassem e abastecessem a viatura antes de voltar ao posto. O resto da equipe ficou no posto abordando normalmente, até que começou a chover e não parou mais. Para completar ficamos sem telefone e sem internet no posto. Fato este que dificultou a nossa comunicação, fazendo com que o único método de comunicação fosse o rádio, já que no posto não pega sinal de celular.

O dia foi bem enfadonho e sem maiores novidades. Ficamos no posto aguardando o retorno dos colegas da ronda para que a outra equipe pudesse sair em ronda no período da tarde. Passava o tempo e nada da outra equipe chegar, tentamos contato via rádio, mas a viatura devia estar em algum ponto em que o rádio não funcionava. A equipe somente chegou ao posto às 18 horas. Falei com os colegas se havia ocorrido algum problema devido a demora no regresso. Falaram que não, que ficaram abordando o dia inteiro, pois esse era o procedimento padrão anteriormente abordado e que eu não havia avisado que horas eles deveriam retornar. Argumentei que no plantão anterior havia saído em ronda junto com o Cidão e que havia voltado antes das 14 horas para que desse tempo para outra equipe sair em ronda também. Sinceramente, não tinha necessidade de avisar o horário de retorno, pois eles viram qual o procedimento que adotei no plantão anterior. Simplesmente os colegas deram uma de joão-sem-braço e simplesmente cagaram para o resto da equipe. Sendo que ainda por cima, não abasteceram a viatura, afirmando que esta ainda estava com bastante combustível (entre 1/4 e 1/2). Não há palavrões no meu vasto e rico vocabulário para poder descrever o meu descontentamento com os novos colegas.

Após isso, os dois colegas e eu que ficamos no posto saímos em ronda e fomos aproveitar para abastecer a vtr. Assim que chegamos ao posto, a aproximadamente 30 Km do posto PRF, e iniciamos o abastecimento recebemos um comunicado dos outros colegas. Houvera um acidente há aproximadamente 35 Km do posto no outro sentido. Como ainda íamos demorar para chegar no local, falei para os colegas seguirem para atender o acidente e deixar o prf da delegacia tomando conta do posto, enquanto finalizávamos o abastecimento e nos deslocamos de volta ao posto.

Chegamos no posto com a viatura abastecida e amarguramos mais algumas horas de chuva constante, enquanto os colegas tinham ido atender o acidente. Um capotamento devido a chuva aliada à imprudência do condutor. O condutor nada sofreu, enquanto a passageira, uma menina de 19 anos, fora projetada para fora do veículo pelo para-brisase sofrera inúmeras lesões e fraturas, inclusive na coluna. A diferença do condutor ileso para a passageira poli-traumatizada se deve há um único fator: o condutor usava o cinto de segurança e a passageira não. É incrível, por mais campanhas que o governo faça para incentivar o uso do cinto de segurança, muitas pessoas relutam em utilizá-lo. Por achar que nunca ocorrerá uma situação de risco com elas. É aquele famoso, isso nunca vai acontecer comigo; não sei por quê, mas isso me lembra a atitude de vários colegas que relutam em utilizar o colete balístico. Enfim, cada cabeça uma sentença.

Após o retorno dos colegas, depois de uma meia-hora recebemos um comunicado da central que ocorrera uma colisão traseira no trecho entre a cidade A e B. Iniciamos o deslocamento, o Cidão, eu e o outro colega que tinha ficado no posto. Passamos a cidade A, fomos até a cidade B e não encontramos absolutamente nada. Retornando em seguida ao posto. Chegamos ao posto eram aproximadamente meia-noite, depois de 5 minutos recebemos outro comunicado. Uma carreta havia tombado uns 6 Km após a cidade B e a sua carga (madeira) havia sido espalhada por toda a pista. Pegamos a vtr e inicamos o deslocamento (Cidão e eu), chegando ao local era a carreta no meio da pista tombada e a carga toda espalhada na pista. Após várias horas de sinalização sob chuva pesada, aguardando os peões contratados pelo dono da carreta tirarem a madeira da pista e o guincho destombar a carreta e retirá-la da pista, retornamos ao posto, chegando lá às 5:30 da manhã. Imaginem o bagaço que estávamos ao chegar. Tem horas que nem eu sei, como consigo chegar em segurança guiando a viatura de tanto cansaço e sono.

Para finalizar o plantão ainda teve uma árvore que caiu no meio da BR, mas que o colega Sena e o antigo foram retirar. Graças a Deus a árvore era de pequeno porte e os colegas a retiraram facilmente, não demorando muito para retornar.

P.S. A cada plantão que passa com os colegas da equipe longe lá na operação gralha azul, mais falta eu sinto dos mesmos e do espírito de corpo e união. No nosso brado da turma tinhamos uma parte em que afirmávamos que eramos "forjados como o aço", mas antes disso na escolha dos componentes da turma pro CFP posso afirmar que "fomos selecionados a dedo".