Hoje, cheguei bem cedo ao CESUC, mais
ou menos pelas 06:30. Pela primeira vez, desde que começou o curso,
consegui trocar de roupa completamente só e em paz. Foi ótimo não
ter que ficar me espremendo e esbarrando nos outros colegas para
conseguir colocar o coturno. Após alguns minutos depois de eu ter me
arrumado, o vestiário já fervilhava com os alunos apressados para
ficarem prontos para a ordem unida.
Durante a dita cuja, a minha turma foi
elogiada pelo instrutor Jean que fazia a inspeção da nossa
apresentação pessoal, dizendo: “Muito boa a apresentação
pessoal da turma”; “Que sirva de exemplo para as demais turmas”.
Sei que é besteira, mas fiquei feliz em receber o elogio coletivo da
turma, afinal, acredito que estamos sendo bem disciplinados e
empanhados no transcorrer do CFP.
Como primeira instrução do dia, fomos
ao batalhão do exército para a instrução de abordagem. Antes de
nos deslocarmos para lá, foram requisitados 6 voluntários que
pudessem levar seus veículos pessoais para auxiliar na instrução.
Não quis me oferecer de imediato, pois
o meu carro está simplesmente imundo. Desde que cheguei ao Mato
Grosso, não tive tempo de mandar lavá-lo. Então, dentro do carro
está que é uma pelarada do meu cachorro sem fim. Contudo, só 5
colegas levantaram a mão se oferecendo, e o instrutor perguntou:
“Ninguém mais tem ou pode ceder o seu veículo?” Desse jeito,
não tive escolha e levantei a minha mão deixando o meu carro a
disposição do CFP, apesar de saber que vários colegas poderiam
tê-lo feito no meu lugar.
Então, ao invés de ir no micro-ônibus
com o resto da turma, fui dirigindo o meu próprio carro, levando
dois colegas comigo, indo em um comboio de 6 carros, 1 viatura da PRF
e o micro-ônibus até o batalhão do exército.
Já no batalhão, foram recapituladas
as técnicas de abordagem a motocicletas que foi feita na semana
passada e tivemos algum tempo para praticá-las novamente.
Após essa recapitulação, foi
demonstrado um exemplo de como não abordar um automóvel. Acho que
praticamente tudo imaginável de errado foi demonstrado pelos
instrutores, chamaram a colega-usuária de gatinha, filé, etc,
bateram no carona, deram a arma pra “usuária” segurar, se
posicionaram erroneamente durante todo o procedimento, dentro outros
erros graves.
Obviamente, depois foi demonstrada a
maneira correta de se abordar um automóvel. Em todos os treinamentos
o meu carro foi utilizado pelo meu grupo, ele fizera o papel de
viatura quando abordamos a motocicleta e o papel de carro de passeio
na abordagem a automóveis. Detalhe, em um dado momento eu estava na
moto com um colega na garupa e éramos abordados como sendo
criminosos. Durante a revista o simulacro de arma de madeira que o
colega escondeu passou despercebido, só não consegui pegá-lo para
“matar” os colegas. Fui descoberto na hora que retirava o
simulacro da cintura do colega.
Após várias simulações e
demonstrações, fomos elogiados pelos instrutores de abordagem. Até
o presente momento, acredito que a minha turma seja a melhor de todo
o CFP, até os alunos das outras turmas admitem esse fato. Nunca
fomos punidos por qualquer infração e nunca ficamos depois do
horário de encerramento por alguma punição.
Terminada a instrução, voltamos em
comboio até o CESUC, estacionei o meu carro em frente ao prédio e
adentrei com os colegas no CT.
Como última instrução da manhã,
tivemos a última aula de legislação de trânsito antes da prova.
Mais uma e pela última vez, vimos os equipamentos obrigatórios. É
bem complicado decorar todas as nuances das datas de quando pode ou
não serem cobrados cada equipamento obrigatório e como estes devem
se apresentar no veículo.
Após o almoço, toda a galera
aproveitou o tempo que restava no intervalo para estudar ou dormir.,
dormindo pelo chão mesmo.
Na parte da tarde, a outra metade da
turma foi fazer a prova de técnicas de defesa policial. Enquanto
isso, a outra metade da turma que já havia feito a avaliação ficou
na sala estudando para a prova.
Claro que demos aquela espiada na
galera que fazia a prova. Em especial, vi a prova do colega que dei
um apoio durante o nosso primeiro contato com o gás CS no estande de
tiro. O instrutor Jean sacudiu tanto o colega, que os braços dele
iam de um lado para o outro sem o mínimo controle, parecendo um
daqueles bonecos de posto de gasolina. A atuação do colega provocou
risos de quase a totalidade daqueles que viram a prova dele pela
janela da sala.
Após o teste, a metade da turma que
fez a prova não teve aquele momento de relaxamento com o orientador
Caju, retornando logo em seguida para a sala-de-aula.
Como a galera que retornou estava
exitada por terem acabado de fazer a avaliação, aquele clima de
estudo foi interrompido e começaram os comentários a cerca de como
cada um foi no teste.
Passados uns 15 minutos, os instrutores
adentraram a sala, essa seria a despedida de dois deles. Sendo que um
dos instrutores conseguiu uma autorização para ficar conosco em
outra disciplina. Foi muito comovente, inclusive o instrutor Padre
disse que tínhamos marcado a vida dele , pois desde 2002 quando
adentrara os quadros da PRF ele queria ser instrutor de um CFP. E
que, somente agora, ele conseguiu realizar esse objetivo. Foi
simplesmente espetacular, aquela aparência de “ruindade” caiu
toda por terra. No final, apertamos as mãos, os cumprimentamos e
tiramos algumas fotografias com eles. Fotos, as quais, espero poder
ter acesso no futuro.
Com o fim das instruções, já que o
último tempo ficara vago, fizemos ums espécie de concurso de
imitações. Claro que os alvos eram os instrutores do CFP ou alguns
dos colegas de curso. Sendo um momento muito engraçado, em que
todos, inclusive os instrutores presentes riram muito e nos
divertimos.
No fim do dia, durante a ordem unida,
ficamos sabendo de algumas “novidades” do mundo exterior. Alguns
alunos sabiam do que se tratava, outos, não faziam a mínima ideia
do que estava sendo comentado. Faço parte deste segundo grupo, não
sei de absolutamente nada do que acontece no mundo hoje em dia. O CFP
preenche quase todo o meu dia e quando volto pra casa só quero saber
de descansar ou dormir.
Comentaram que a Itália havia sofrido
muito com graves terremotos, que o estado do Pará estava sendo
assolado por enchentes e que um PRF havia falecido assassinado do Rio
de Janeiro. Durante o fim de semana descobri que o colega havia sido
morto na mesma rua em que eu morava no Rio, só que em outro bairro,
pois a rua é bastante extensa. Também foi feita a menção de que
um deputado estadual dera uma entrevista a um jornal local e dissera:
“A população que vive ao redor das rodovias sofre com um elevado
índice de acidentes e criminalidade, enquanto há 154 PRFs
aquartelados em Cuiabá!!”. Óbvio que ele se referia a nós,
infelizmente ainda não somos policiais, mas em breve estaremos na
pista. Aguarde mais um pouco pelos novinhos da PRF, sr. Deputado...
O orientador disse, também, para
aproveitarmos bem o recesso, para recarregarmos as energias para
aguentarmos a 2ª parte do CFP. Que o intuito do curso não era
reprovar ninguém, mas que, infelizmente, dois candidatos já haviam
desistido do curso, um por razões médicas e outro por não aguentar
o tranco. Acho uma lástima essas desistências, fico imaginando a
frustração do candidato 148 que foi chamado por engano pelo CESPE e
depois desconvocado. Sinceramente, desistir não é uma opção
válida para quem realmente quer ser PRF.
Por fim, ficamos sabendo quem seriam os
xerifes da próxima semana. Na minha turma, foi a última das três
colegas. Assim, todas as meninas da minha turma passaram pelo
xerifado. Foi feita a “transferência de poderes” e demos fim a
primeira parte co curso de formação com o nosso brado. Agora é
aproveitar o pouco tempo restante para estudar para a prova de
amanhã. Que Deus ajude a todos nós...
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