quinta-feira, 16 de abril de 2009

34º Dia - Disponibilizando o meu carro para as Instruções...

Hoje, cheguei bem cedo ao CESUC, mais ou menos pelas 06:30. Pela primeira vez, desde que começou o curso, consegui trocar de roupa completamente só e em paz. Foi ótimo não ter que ficar me espremendo e esbarrando nos outros colegas para conseguir colocar o coturno. Após alguns minutos depois de eu ter me arrumado, o vestiário já fervilhava com os alunos apressados para ficarem prontos para a ordem unida.

Durante a dita cuja, a minha turma foi elogiada pelo instrutor Jean que fazia a inspeção da nossa apresentação pessoal, dizendo: “Muito boa a apresentação pessoal da turma”; “Que sirva de exemplo para as demais turmas”. Sei que é besteira, mas fiquei feliz em receber o elogio coletivo da turma, afinal, acredito que estamos sendo bem disciplinados e empanhados no transcorrer do CFP.

Como primeira instrução do dia, fomos ao batalhão do exército para a instrução de abordagem. Antes de nos deslocarmos para lá, foram requisitados 6 voluntários que pudessem levar seus veículos pessoais para auxiliar na instrução.

Não quis me oferecer de imediato, pois o meu carro está simplesmente imundo. Desde que cheguei ao Mato Grosso, não tive tempo de mandar lavá-lo. Então, dentro do carro está que é uma pelarada do meu cachorro sem fim. Contudo, só 5 colegas levantaram a mão se oferecendo, e o instrutor perguntou: “Ninguém mais tem ou pode ceder o seu veículo?” Desse jeito, não tive escolha e levantei a minha mão deixando o meu carro a disposição do CFP, apesar de saber que vários colegas poderiam tê-lo feito no meu lugar.

Então, ao invés de ir no micro-ônibus com o resto da turma, fui dirigindo o meu próprio carro, levando dois colegas comigo, indo em um comboio de 6 carros, 1 viatura da PRF e o micro-ônibus até o batalhão do exército.

Já no batalhão, foram recapituladas as técnicas de abordagem a motocicletas que foi feita na semana passada e tivemos algum tempo para praticá-las novamente.

Após essa recapitulação, foi demonstrado um exemplo de como não abordar um automóvel. Acho que praticamente tudo imaginável de errado foi demonstrado pelos instrutores, chamaram a colega-usuária de gatinha, filé, etc, bateram no carona, deram a arma pra “usuária” segurar, se posicionaram erroneamente durante todo o procedimento, dentro outros erros graves.

Obviamente, depois foi demonstrada a maneira correta de se abordar um automóvel. Em todos os treinamentos o meu carro foi utilizado pelo meu grupo, ele fizera o papel de viatura quando abordamos a motocicleta e o papel de carro de passeio na abordagem a automóveis. Detalhe, em um dado momento eu estava na moto com um colega na garupa e éramos abordados como sendo criminosos. Durante a revista o simulacro de arma de madeira que o colega escondeu passou despercebido, só não consegui pegá-lo para “matar” os colegas. Fui descoberto na hora que retirava o simulacro da cintura do colega.

Após várias simulações e demonstrações, fomos elogiados pelos instrutores de abordagem. Até o presente momento, acredito que a minha turma seja a melhor de todo o CFP, até os alunos das outras turmas admitem esse fato. Nunca fomos punidos por qualquer infração e nunca ficamos depois do horário de encerramento por alguma punição.

Terminada a instrução, voltamos em comboio até o CESUC, estacionei o meu carro em frente ao prédio e adentrei com os colegas no CT.

Como última instrução da manhã, tivemos a última aula de legislação de trânsito antes da prova. Mais uma e pela última vez, vimos os equipamentos obrigatórios. É bem complicado decorar todas as nuances das datas de quando pode ou não serem cobrados cada equipamento obrigatório e como estes devem se apresentar no veículo.

Após o almoço, toda a galera aproveitou o tempo que restava no intervalo para estudar ou dormir., dormindo pelo chão mesmo.

Na parte da tarde, a outra metade da turma foi fazer a prova de técnicas de defesa policial. Enquanto isso, a outra metade da turma que já havia feito a avaliação ficou na sala estudando para a prova.

Claro que demos aquela espiada na galera que fazia a prova. Em especial, vi a prova do colega que dei um apoio durante o nosso primeiro contato com o gás CS no estande de tiro. O instrutor Jean sacudiu tanto o colega, que os braços dele iam de um lado para o outro sem o mínimo controle, parecendo um daqueles bonecos de posto de gasolina. A atuação do colega provocou risos de quase a totalidade daqueles que viram a prova dele pela janela da sala.

Após o teste, a metade da turma que fez a prova não teve aquele momento de relaxamento com o orientador Caju, retornando logo em seguida para a sala-de-aula.

Como a galera que retornou estava exitada por terem acabado de fazer a avaliação, aquele clima de estudo foi interrompido e começaram os comentários a cerca de como cada um foi no teste.

Passados uns 15 minutos, os instrutores adentraram a sala, essa seria a despedida de dois deles. Sendo que um dos instrutores conseguiu uma autorização para ficar conosco em outra disciplina. Foi muito comovente, inclusive o instrutor Padre disse que tínhamos marcado a vida dele , pois desde 2002 quando adentrara os quadros da PRF ele queria ser instrutor de um CFP. E que, somente agora, ele conseguiu realizar esse objetivo. Foi simplesmente espetacular, aquela aparência de “ruindade” caiu toda por terra. No final, apertamos as mãos, os cumprimentamos e tiramos algumas fotografias com eles. Fotos, as quais, espero poder ter acesso no futuro.

Com o fim das instruções, já que o último tempo ficara vago, fizemos ums espécie de concurso de imitações. Claro que os alvos eram os instrutores do CFP ou alguns dos colegas de curso. Sendo um momento muito engraçado, em que todos, inclusive os instrutores presentes riram muito e nos divertimos.

No fim do dia, durante a ordem unida, ficamos sabendo de algumas “novidades” do mundo exterior. Alguns alunos sabiam do que se tratava, outos, não faziam a mínima ideia do que estava sendo comentado. Faço parte deste segundo grupo, não sei de absolutamente nada do que acontece no mundo hoje em dia. O CFP preenche quase todo o meu dia e quando volto pra casa só quero saber de descansar ou dormir.

Comentaram que a Itália havia sofrido muito com graves terremotos, que o estado do Pará estava sendo assolado por enchentes e que um PRF havia falecido assassinado do Rio de Janeiro. Durante o fim de semana descobri que o colega havia sido morto na mesma rua em que eu morava no Rio, só que em outro bairro, pois a rua é bastante extensa. Também foi feita a menção de que um deputado estadual dera uma entrevista a um jornal local e dissera: “A população que vive ao redor das rodovias sofre com um elevado índice de acidentes e criminalidade, enquanto há 154 PRFs aquartelados em Cuiabá!!”. Óbvio que ele se referia a nós, infelizmente ainda não somos policiais, mas em breve estaremos na pista. Aguarde mais um pouco pelos novinhos da PRF, sr. Deputado...

O orientador disse, também, para aproveitarmos bem o recesso, para recarregarmos as energias para aguentarmos a 2ª parte do CFP. Que o intuito do curso não era reprovar ninguém, mas que, infelizmente, dois candidatos já haviam desistido do curso, um por razões médicas e outro por não aguentar o tranco. Acho uma lástima essas desistências, fico imaginando a frustração do candidato 148 que foi chamado por engano pelo CESPE e depois desconvocado. Sinceramente, desistir não é uma opção válida para quem realmente quer ser PRF.

Por fim, ficamos sabendo quem seriam os xerifes da próxima semana. Na minha turma, foi a última das três colegas. Assim, todas as meninas da minha turma passaram pelo xerifado. Foi feita a “transferência de poderes” e demos fim a primeira parte co curso de formação com o nosso brado. Agora é aproveitar o pouco tempo restante para estudar para a prova de amanhã. Que Deus ajude a todos nós...


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