sábado, 11 de abril de 2009

30º Dia - Vacilos e Nova Xerife

Hoje, após a ordem unida, tivemos uma instrução muito boa sobre as armas longas. Primeiramente, treinamos como progredir em dupla, um ia na frente e esperava o outro que fazia a cobertura. O outro ao chegar no colega o ultrapassava e este que ficou pra trás passava a fazer a cobertura. Após esse exercício, fizemos um treinamento de progressão com anteparo, ou seja, com obstáculos físicos. Nesse segundo treinamento, o exercício foi realizado em uma cadência. Ia um colega, chegava ao anteparo e outro ia para dar a cobertura ao primeiro e um terceiro tomava o lugar do segundo e assim em diante.

O terceiro treinamento foi um fatiamento em que fazíamos o avanço em quartetos. Deveríamos estar atentos a tudo, pois cada janela ou porta podia ser utilizada pelos “alunos-malas” para efetuarem “disparos” na gente. Uma das colegas fez o exercício conosco, meu Deus, fora um fiasco a atuação da colega. Ela não tinha a mínima noção do que estava fazendo, a sua cobertura era inexistente, pois ficava mirando as paredes. Fora o fato de ficar falando alto durante toda a execução do exercício, sendo que nos fora instruído a somente nos comunicarmos por gestos.

O instrutor falou que era para o grupo se dividir e ir metade para cada lado do corredor. Fui em dupla com essa colega pelo lado esquerdo. Deveríamos olhar todos os cômodos até o bebedouro. Em uma sala estava um “aluno-mala” que foi “morto” pela colega. Tinha sobrado o banheiro masculino, sem saber se era ou não para adentrar fiquei na dúvida. A colega disse: “Vamos lá!!! Tem que entrar!!!”. E, assim o fiz. Entrei no banheiro e fiz o fatiamento, uma das portas estava aberta não representando perigo. A porta do meio estava semi-fechada, dei um chute nela que se abriu sem ter ninguém dentro. A terceira e última porta estava fechada, dei um chute leve na porta e ela estava trancada. Olhei por baixo da porta e vi 2 pés, nisso falei: “Já te vi, porra!!! Sai daí com as mãos pra cima!!!”. Recebi como resposta: “Tô cagando aqui aluno, vai brincar em outro lugar!!!”. Nos entreolhamos, rimos e sorrateiramente saímos do banheiro sem dizer mais nada. Claro que contei o fato para os demais colegas e rimos bastante da situação depois.

Agora, em relação aos procedimentos, visualizei o quanto é difícil fazer o fatiamento em progressão em escadas. É extremamente complexo prestar atenção a tudo a sua volta e ainda avançar pelos degraus fazendo mira. Finalizando a instrução fizemos uma mais do que merecida manutenção nas calibre 12 que já se encontram bem enferrujadas.

A segunda instrução do dia foi a de pistola, foi basicamente uma repetição das aulas que tivemos na 3ª e 5ª feira. A única diferença é que simulamos uma das panes e como resolve-la uma vez só; e, também, uma breve demonstração de como fatiar com as pistolas. Durante as instruções com a pistola está sendo muito cobrado o quesito segurança e posicionamento.

Já ia me esquecendo, a turma também foi dividida em 4 fileiras de 10 alunos cada, 1 por alvo, para o dia de treino no estande de tiro. Também foi explicado a pontuação que obteremos ao atingir o alvo em determinado local. O instrutor falou para tomarmos cuidado para não confundirmos o alvo, pois caso atiremos no alvo do colega os melhores tiros irão para ele e os piores serão os nossos. Dessa forma, ficaríamos com uma pontuação bem baixa, sendo prejudicados. Ao que parece, as nossas próximas intruções de pistola já ocorrerão no estande de tiro.

A terceira aula do dia foi a de fiscalização, dessa vez ela não foi teórica. Fomos para uma rua lateral do CESUC e divididos em vários grupos de 6 integrantes. Cada grupo foi chamado de cada vez. Lá tínhamos que abordar um carro, em trios, e verificar os documentos, itens obrigatórios e entrevistar os usuários da rodovia.

Na minha vez, eu fiquei meio perdido, sem saber ao certo o que perguntar e como perguntar. (Ainda não tivemos essa instrução sobre a entrevista.) Espero que eu melhore um pouco com o avançar das aulas e aprenda o quê perguntar e como proceder. Após a abordagem, praticamos como preencher um auto de infração em relação ao indivíduos abordados e suas infrações, que eram as mais variadas possíveis.

A primeira instrução da parte da tarde foi a de legislação de trânsito. A aula foi bem light, revimos as classes de habilitações e alguns documentos e procedimentos com condutores habilitados em países estrangeiros. Torei em diversos momentos durante a aula. Desculpe-me instrutor, mas o cansaço está batendo a porta.

Um fato inusitado, tivemos o último tempo livre , ficando a cargo da administração as atividades. Então, usamos metade deste tempo para treinarmos as técnicas que teremos utilizar na prova prática de defesa policial, que virá na próxima semana.

Em determinado momento, o colega Gilberto, aquele mesmo que fez as marcações no bosque da barra comigo, falou que o xerife da semana que vem seria escolhido por votação da turma. Os colegas que estavam mais próximos ouviram e começou um falatório, sendo mencionado o nome de uma das 3 colegas da minha turma. Lembrando que uma delas já foi xerife na 3ª semana e que não poderá ser novamente indicada.

Após o treino no tatame para a prova de técnicas de defesa policial, o orientador-pedagógico foi a minha sala e qualificamos algumas das instruções já ministradas para que os instrutores e as disciplinas fossem “avaliados”. Terminada as qualificações, fora aberta a votação para o novo xerife. Novamente, parte da turma indicou o nome da colega. Acredito que a indicação foi mais como uma brincadeira de mau-gosto, pois essa colega é a menos integrada da turma. Sendo que essa colega dirige pouquíssimas palavras de cordialidade e muitas críticas e reclamações. Inclusive, em momentos, como direi, pouco propícios. Só para situar, a colega indicada foi a mesma que entrou comigo no banheiro masculino no exercício de fatiamento pela manhã.

O orientador perguntou quem queria que a colega fosse xerife. Mais da metade da turma levantou as mãos. Depois, ele perguntou quem era contra a indicação. Ninguém levantou a mão. Dessa forma, a colega ficou sendo eleita a xerife da minha turma da 6ª semana.

O orientador chegou até a falar que estava curioso em saber o quê a colega tinha feito para merecer aquilo. Assim, que o orientador saiu da sala a colega se manifestou, perguntando porquê a gente tinha feito aquilo com ela e tals. Alguns alunos falaram para a gente falar com o orientador para alterar a votação, outros falaram para deixar quieto, pois querer mudar agora seria pior. E, ainda, uns poucos falaram que seria bom pra ela , porque ela tem uma certa dificuldade em lidar com o público e que seria uma oportunidade ímpar de crescimento.

No começo, levei o assunto, como a maioria da turma, na mais pura brincadeira. Contudo, após a turma, em sua maioria, sair para a ordem unida e ver a colega chorando, afirmando que se sentiu traída; me senti muito mal e acredito que a decisão da turma foi errada para com a colega. Sinceramente, não acho que a menina tinha que passar por essa situação.

Na ordem unida, recebemos mais um tremendo esporro dos instrutores. Sendo que não tínhamos um tão grande e grave desde a primeira semana de curso. Os instrutores reclamaram da falta se seriedade e do desleixo dos alunos em relação ao material pessoal. Que não podíamos deixá-lo espalhado na sala-de-aula, nem, tão pouco, nos vestiários. Fora reclamado, também, das escolhas dos xerifes, que deveríamos escolher líderes e não usar essa indicação para punir alguém.

Como sanção pela desorganização do material, tudo aquilo que não estivesse dentro dos armários ou da pasta na sala-de-aula estaria na quadra. Alguns itens estavam pindurados nas vigas de sustentação e na cerca que reveste as laterias da quadra. Foi dado pelos instrutores alguns minutos para pegarmos nossas coisas. Na quadra, achei a pasta de um dos colegas e a minha foi achada por outro aluno. Após o recolhimento do material pessoal de cada aluno, ficamos em forma e fomos submetidos a uma boa dose de gás CS na quadra. Indo uma turma por vez ao encontro do gás. As turmas Charlie e Delta se deram pior, pois tiveram uma granada de CS para cada uma. Enquanto as turmas Alfa e Bravo pegaram o restinho do CS da turma Charlie. Consegui, inclusive, ficar com os olhos abertos durante a maior parte do percurso. Lembrando, que ficamos correndo em círculos na quadra.

Após a sessão de gás, tivemos que guardar o material recolhido dentro dos armários. Detalhe, os vestiários estavam repletos de gás de pimenta. Notei que o vestiário das turmas Charlie e Delta estavam bem mais infestados. No vestiário da Alfa e da Bravo os efeitos quase não foram sentidos. Era nítida a diferença, pois os alunos das turmas Charlie e Delta saíam do vestiário passando muito mal, chegando alguns a quase vomitar. Pelo que entendi a represália foi devido a alguma atitude da turma delta.

Em dado momento, alguém de uma das turmas falou que era para passar por cima dos instrutores que fecharam a saída da quadra com granadas de gás CS na mão, na hora em que estávamos recolhendo os materiais espalhados na quadra. Os instrutores pediram para a pessoa que havia dito aquilo se entregar, mas ninguém de nenhuma das 4 turmas se manifestou. Então, os instrutores provocaram o culpado, afirmando que o aluno fosse homem para se entregar, caso contrário todos os alunos sofreriam sanções por causa de um único indivíduo. A minha turma começou a murmurar: “Levanta geral... Levanta geral... Vamos lá, todo mundo...” E toda a minha turma foi levantando, sendo seguida pelas outras turmas. Mais uma vez a minha turma demonstrou grande espírito de corpo e união, ficando todos sem punição alguma. Afinal, como punir um curso inteiro???

No fim, os atuais xerifes passaram a responsabilidade da turma para os xerifes eleitos. Isso foi uma novidade, pois essa “cerimônia” de passagem não existia. Ficamos todos da turma em uma posição parecida com a de flexão de braços, só que com os ante-braços no chão. O atual xerife falava: “Eu, Fulano de tal, nº XX, xerife da turma XX, passo a responsabilidade para o Aluno Cicrano de tal, nº XX”. E o novo xerife respondia: “Eu, Cicrano de Tal, nº XX, assumo a turma XX como novo xerife e sem alterações.” Cicrano de pé 1, 2... Fulano 3...4! Novo Xerife: “Turma XX de pé!!! 1...2” A turma respondia ficando de pé: “3...4!!!”

Após esse procedimento todo e do fora de forma com o brado da turma, fomos liberados para o descanso de domingo. Enquanto a minha turma trocava de roupa no vestiário, ainda dava para ouvir a turma Delta pagando flexões de braço como punição por Deus sabe lá o quê.

Durante todo o imenso esporro unido, foram quase 3 horas direto, pagamos muitas flexões de braço e polichinelos. Ficamos também vários minutos da posição de flexão modificada com os ante-braços no chão. A semana passou muito rapidamente, mas o seu encerramento parece que durou uma eternidade.


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