Houve a tradicional ordem unida com os hinos nacional e do mato grosso e vários minutos de pé. Durante esta a minha mente estava distante, só conseguia pensar no que me esperava. Por que a minha turma foi destacada para o esperado e temeroso encontro com o Gás Lacrimogêneo (CS). Após o fora de forma, a ALFA foi dividida em duas e lotamos 2 micro-ônibus. Saimos do Cesuc escoltados por 1 viatura, 1 motocicleta caracterizada e o resgate PRF, fomos escoltados por todo o trajeto por eles. Depois de atravessar parte de Cuiabá, pegamos uma rodovia estadual que liga Cuiabá à Chapada dos Guimarães. Após uns 15 minutos trafegando na rodovia, entramos em uma estrada de terra do lado esquerdo da pista. A estrada era muito esburacada e o micro-ônibus tremia com violência ao acelerar por ela. Passamos por duas pontes de madeira transpondo dois riachos. O trajeto nessa estrada levou aproximadamente uns 10 minutos e no fim chegamos a uma área de terra. Descemos imediatamente e entramos em formação. Fomos recepcionados pelo instrutor Fiel que usava óculos escuros. Ao tirar os óculos vimos que ele estava com olhos totalmente inchados e vermelhos. Ao se aproximar ele abraçou o colega sócaqui dando tapinhas nas costas dele. Acredito que não teve ninguém que não riu "por dentro" da situação, apesar de sentir pena do colega, pois o instrutor deveria estar cheio de resíduos de CS. O local em si é utilizado como área de treinamento de tiro pela PMMT. Fiquei ciente disso, pois enquanto estávamos formados aguardando as ordens dos instrutores, um ônibus da PM chegou e os Papa Mike desenbarcaram e adentraram em um outro estande ao lado.
Fomos encaminhados para dentro de um grande estande e começamos a correr seguindo o instrutor Padre por todo o estande, fazendo várias voltas e cantando aquelas canções motivacionais: "Ai, ai mamãe o que que eu to fazendo aqui?!?!? A vida lá em casa era beber, comer e dormir!!!"; "E muitos pensam... que é brincadeira... quando contamos... o quê passamos... mas só estando... nesta carcaça... pra saber... que querer... é poder... serei um PRF audaz... E não vacilarei jamais... Estando em guerra ou em paz... eu hei de vencer!!!!". No final da corrida, voltamos para o início do estande ficando formados em pé de costas para a parte principal do estande. Pensei: "Pronto, vai acontecer alguma coisa..." E daí ouvimos um "BUM!!!!" bem alto sobre nossas cabeças. Grande parte da turma estremeceu com o barulho. Havia sido uma bomba que tinha sido lançada. Agora a pergunta que eu me fazia era: "Uma bomba de que???" Um dos instrutores mandou sentarmos todos em U e disse que quem quisesse desistir poderia fazer a qualquer momento, pois o requerimento já estava preenchido, só faltando a assinatura do aluno. Como era de se esperar, nenhum colega quis desistir e um outro instrutor veio, e iniciou-se uma palestra sobre os tipos de armamentos e munições não-letais. Lembrem-se que já tinhamos tido um contato em sala-de-aula com essa espécie de armamento. Logo no início da palestra os Papa Mike começaram a disparar e as balas ricocheteávam, acredito eu, em algum tipo de alvo. Alguns colegas ficaram nervosos e começaram a conversar e mostrar espanto e intranquilidade com o som das balas. Os instrutores nos acalmaram e disseram que havia uma barreira separando os estandes, que nada ia acontecer que era pra gente ficar tranquilo. E assim, seguiu a palestra. Após uns 20 minutos da explanação, comecei a sentir algo estranho, meu nariz começou a coçar e meus olhos ardiam um pouco. Notei que não eram só em mim os efeitos e toda a turma começou a espirrar e a tossir. Aí pensei na minha ingenuidade: " Será que a bomba que foi lançada era de CS e os efeitos são só esses??? Um espirrozinho de leve e uma leve irritação no nariz???" Deus como eu estava enganado...
No meio da palestra o colega Getúlio fez uma pergunta relativa ao tempo que uma pessoa poderia ficar segurando a granada na mão sem o pino. Pra que que ele foi perguntar...O instrutor Padre veio a frente e disse: "Boa pergunta 18!!! Excelente a sua dúvida..." e pegou uma granada de gás pimenta e pediu para o colega segurar, envolvendo a mão do aluno e a granada com fita adesiva, em seguida. Acho que realmente os instrutores gostaram de "Tropa de Elite". O resto da palestra ocorreu sem maiores incidentes, ocorrendo um único detalhe que chamou minha atenção. Um dos instrutores deu alguma coisa para 2 colegas, sem saber do que se tratava voltei minha atenção para a palestra. Ao seu término fomos para a parte prática e o temido encontro com o gás.
Após essa corridinha mixuruca de coturno foi demonstrado o funcionamento de um equipamento que lançou uma granada de CS lá no final do estande. Aí o instrutor Uéler perguntou: "Agora adivinha quem vai buscar aquela fumaça????" E toda a turma saiu em disparada e gritando em direção à nuvem de gás. Assim que adentrei na nuvem senti imediatamente os efeitos do gás. Meus olhos se fecharam, deixando-me momentaneamente cego; toda minha pele que estava exposta e entrava em contato com o produto ardia intensamente. Mesmo estando ofegante, continuei a respirar somente pelo nariz, como me fora instruído por alguns colegas mais experientes. A grande maioria da turma saiu desnorteada em todas as direções à procura de ar fresco, abrindo os braços e andando em círculos para que o vento batesse e retirasse o excesso de gás do corpo e da roupa.
Enquanto os meus olhos, pele e nariz ardiam, pensei: "Meu Deus do céu, eu vou arder até os pulmões e morrer!!!". Ví muitos colegas em situação pior que a minha, muito provavelmente por ter respirado o gás pela boca. O colega Rocha foi um dos que mais me chamou a atenção. O cara de tanto tossir e cuspir, estava com uma baba de uns 30 cm pendurada no queixo, parecendo um dragão de Komodo. Após alguns minutos começamos a nos recuperar e voltamos para o início do estande. Lá o instrutor fez uso de um outro armamento que lançava granadas de CS. Só que nesse a granada não explodia e sim ficava expelindo o gás como um spray durante um período de tempo. Nos dois primeiros disparos a granada caiu atrás do estande. No terceiro disparo ela caiu em um barranco que tinha cercando o estande, lá no fundo... E lá fomos nós de novo atrás daquela fumaça maldita. Vários colegas não se aproximaram muito dessa vez, ficando a certa distância. Um que foi excessão a regra foi o colega Pombo. Aquele que rachou o quarto comigo na época do TAF. Ele subiu o baranco, abaixou a cabeça sobre a granada que ainda expelia o gás e gritou: "Ahhhhhhhhhhhh, é ALFA!!!!!!". Olhei e disse para outro colega: "O cara é imune ao gás??? Não é possível!!!". Mais tarde eu constatei que o cara realmente tinha uma resistência ao gás, enquanto a maioria sofria com os efeitos, ele sentia muito pouco ou quase nada os efeitos.
Novamente nos recuperamos e após alguns minutos foram demonstados mais alguns armamentos que lançavam as granadas mais perto e fomos expostos novamente ao gás. Depois de mais 2 exposições, formamos uma roda dando os braços uns para os outros, e fomos instruídos a não nos dispersar, mantendo a formação na roda. Os instrutores vieram com umas varas que tinham nas suas extremidades granadas de CS daquelas progressivas. O instrutor Padre segurava uma vara que tinha 3 granadas de CS na ponta. Os caras estavam se divertindo com a gente. Eu também acharia divertido, se não estivesse sofrendo tanto. Ao acionar as granadas, cinco delas falharam em sequência, sem nenhuma ter sido deflagrada. Os instrutores começaram a perguntar quem era o macumbeiro da turma e alguém da turma respondeu que o santo da turma era forte. Todavia, o estoque dos instrutores era grande e logo uma das granadas conseguiu ser deflagrada e fomos expostos mais uma vez...
Com a primeira granada deflagrada, o instrutor Fiel pegou a vareta e começou a passar o jato do gás pelo próprio corpo e rosto. Dizendo: "Esse daqui é meu, vocês esperem a sua vez!!!". Deu uns 5 segundos e o instrutor caiu no chão, não deu para ver muito bem, pois já estava com os olhos fechados prevendo os efeitos do gás. O instrutor Padre disse pra gente que aquilo podia acontecer, que não era nada demais, para a gente não ligar. A ambulância veio e levou o instrutor. Quando começamos a nos dispersar o Xerife da turma(Bilú) saiu correndo em direção ao início do estande e à ambulância que lá estava. Continuei lá me rodando igual um doido para me livrar o gás, quando vi o colega Mellado Filho que estava muito mal quase caindo no chão de tanto tossir. Levantei o colega e coloquei o braço dele sobre o meu pescoço, ficando com a axila dele no meu ombro e disse: "Calma cara, já vai passar!!! Vamos lá respira normalmente!!! Tenta normalizar a respiração..." Logo o colega Getúlio veio e me auxiliou, fazendo a mesma coisa com o outro braço do colega. Foi quando veio um dos instrutores e que o xerife tinha desistido e assinado o requerimento de desligamento do curso. A turma meio incrédula afirmou que só podia ser mentira, mas vários colegas foram na direção do xerife para saber o que havia ocorrido. Desconfiei de cara do modo que o instrutor comunicou, falando que o xerife teria um tempo para pensar se iria mesmo desistir do CFP. Já havia ouvido rumores de que algo parecido tinha acontecido com as turmas que já tinham tido o contato com o gás. Então, não dei muita atenção e continuei apoiando o colega Mellado Filho.
Houve mais uma roda de gás, sendo que dessa vez o xerife se encontrava distante somente observando. Antes do início do gás, o orientador Caju veio e perguntou se íamos começar sem ele. Abrimos a roda e ele ficou ao meu lado durante toda a experiência. Começamos a girar na roda com o gás sendo expelido e o colega Herenfio começou a puxar solitariamente o brado da turma. "Vamos lá galeraaaa!!! Forjados como o aço... cof... cof... pela instrução... cof... cof... somos indiferentes a... cof... cof... cof... qualquer... COF...COF...COF... COF... e o brado parou por aí. Foi terrível, pois comecei a querer rir do colega e ao tropeçar em uma pedra acabei respirando o gás pela boca. É muito, infinitamente pior do que pelo nariz. Na hora que aspirei o ar com o gás a garganta arde e se fecha, deixando um espaço muito pequeno para se respirar. E vc tem a vontade incontrolável de tossir e acaba por aspirar mais gás pela boca.
Após toda essa experiência, fomos divididos e iniciamos o nosso retorno ao CT, nos micro-ônibus. No trajeto de volta, fiquei sabendo que os dois colegas (Dayse e Nasprega) tinham recebido dois rolinhos de papel envolvidos em fita dos instrutores. E que foram instruídos a não os abrirem, somente os guardarem.
Já no CT, tivemos uma instrução teórica em sala-de-aula fechando a parte da manhã sem maiores novidades.
Na parte da tarde tivemos outra instrução de TDP em que o foco era o uso das algemas. Treinamos as técnicas já aprendidas e aprendemos como levantar os infratores algemados do solo. Durante a instrução, ficamos sabendo que a avaliação desta disciplina será já na próxima semana. Creio que ninguém da turma está 100% seguro nas técnicas com apenas 5 instruções.
Finalizando as instruções tivemos a última aula teórica de direito administrativo com a graça de Deus. Não sei como alguém ainda tem saco para estudar isso depois do tanto que estudamos para estarmos aqui.
Durante a ordem unida para fechar o dia, foi revelado a toda a escola que as pessoas que tinham "pedido para sair", na verdade tinham sido "convidados" a representar essa situação. E que o objetivo dessa encenação era que todas as turmas aprendessem a lidar com o sentimento de perda que inevitavelmente ocorrerá no percurso de nossa vida profissional. Os alunos que simularam a desistência estavam a frente das turmas e falaram algumas palavras. Não lembro bem o que todos falaram. Uma das alunas disse que na hora do gás ela acabou não simulando o desmaio, pois esse fora verdadeiro. E lembro bem das palavras do nosso xerife da semana: "No momento que vi a última roda e toda a turma lá dentro no gás e eu do lado de fora, senti como se estivesse sendo excluído de uma família."
Depois que os colegas de todas as turmas falaram, a aluna Dayse da minha turma perguntou o porquê do desmaio do isntrutor Fiel. Este pediu para os alunos que tinham ficado com os papéis saíssem de forma e fossem a frente das turmas. Ao chegarem ao lado do instrutor, ele pediu que ele deslacrassem os papéis, retirando a fita e verificassem se o que estava escrito era idêntico. Os colegas confirmaram que as mensagens eram iguais. O instrutor Fiel abriu um riso irônico e pediu para que o colega lesse o que estava escrito em voz alta para todos do CFP ouvissem. E este, assim o fez, dizendo: "O instrutor Fiel simulará um desmaio na instrução da turma ALFA." O instrutor disse que fez isso para provocar um terror psicológico, que era para estarmos preparados para tudo, etc... Assim, após essas declarações, houve somente o arriamento das bandeiras encerrando a 2ª semana do curso.
Fomos encaminhados para dentro de um grande estande e começamos a correr seguindo o instrutor Padre por todo o estande, fazendo várias voltas e cantando aquelas canções motivacionais: "Ai, ai mamãe o que que eu to fazendo aqui?!?!? A vida lá em casa era beber, comer e dormir!!!"; "E muitos pensam... que é brincadeira... quando contamos... o quê passamos... mas só estando... nesta carcaça... pra saber... que querer... é poder... serei um PRF audaz... E não vacilarei jamais... Estando em guerra ou em paz... eu hei de vencer!!!!". No final da corrida, voltamos para o início do estande ficando formados em pé de costas para a parte principal do estande. Pensei: "Pronto, vai acontecer alguma coisa..." E daí ouvimos um "BUM!!!!" bem alto sobre nossas cabeças. Grande parte da turma estremeceu com o barulho. Havia sido uma bomba que tinha sido lançada. Agora a pergunta que eu me fazia era: "Uma bomba de que???" Um dos instrutores mandou sentarmos todos em U e disse que quem quisesse desistir poderia fazer a qualquer momento, pois o requerimento já estava preenchido, só faltando a assinatura do aluno. Como era de se esperar, nenhum colega quis desistir e um outro instrutor veio, e iniciou-se uma palestra sobre os tipos de armamentos e munições não-letais. Lembrem-se que já tinhamos tido um contato em sala-de-aula com essa espécie de armamento. Logo no início da palestra os Papa Mike começaram a disparar e as balas ricocheteávam, acredito eu, em algum tipo de alvo. Alguns colegas ficaram nervosos e começaram a conversar e mostrar espanto e intranquilidade com o som das balas. Os instrutores nos acalmaram e disseram que havia uma barreira separando os estandes, que nada ia acontecer que era pra gente ficar tranquilo. E assim, seguiu a palestra. Após uns 20 minutos da explanação, comecei a sentir algo estranho, meu nariz começou a coçar e meus olhos ardiam um pouco. Notei que não eram só em mim os efeitos e toda a turma começou a espirrar e a tossir. Aí pensei na minha ingenuidade: " Será que a bomba que foi lançada era de CS e os efeitos são só esses??? Um espirrozinho de leve e uma leve irritação no nariz???" Deus como eu estava enganado...
No meio da palestra o colega Getúlio fez uma pergunta relativa ao tempo que uma pessoa poderia ficar segurando a granada na mão sem o pino. Pra que que ele foi perguntar...O instrutor Padre veio a frente e disse: "Boa pergunta 18!!! Excelente a sua dúvida..." e pegou uma granada de gás pimenta e pediu para o colega segurar, envolvendo a mão do aluno e a granada com fita adesiva, em seguida. Acho que realmente os instrutores gostaram de "Tropa de Elite". O resto da palestra ocorreu sem maiores incidentes, ocorrendo um único detalhe que chamou minha atenção. Um dos instrutores deu alguma coisa para 2 colegas, sem saber do que se tratava voltei minha atenção para a palestra. Ao seu término fomos para a parte prática e o temido encontro com o gás.
Após essa corridinha mixuruca de coturno foi demonstrado o funcionamento de um equipamento que lançou uma granada de CS lá no final do estande. Aí o instrutor Uéler perguntou: "Agora adivinha quem vai buscar aquela fumaça????" E toda a turma saiu em disparada e gritando em direção à nuvem de gás. Assim que adentrei na nuvem senti imediatamente os efeitos do gás. Meus olhos se fecharam, deixando-me momentaneamente cego; toda minha pele que estava exposta e entrava em contato com o produto ardia intensamente. Mesmo estando ofegante, continuei a respirar somente pelo nariz, como me fora instruído por alguns colegas mais experientes. A grande maioria da turma saiu desnorteada em todas as direções à procura de ar fresco, abrindo os braços e andando em círculos para que o vento batesse e retirasse o excesso de gás do corpo e da roupa.
Enquanto os meus olhos, pele e nariz ardiam, pensei: "Meu Deus do céu, eu vou arder até os pulmões e morrer!!!". Ví muitos colegas em situação pior que a minha, muito provavelmente por ter respirado o gás pela boca. O colega Rocha foi um dos que mais me chamou a atenção. O cara de tanto tossir e cuspir, estava com uma baba de uns 30 cm pendurada no queixo, parecendo um dragão de Komodo. Após alguns minutos começamos a nos recuperar e voltamos para o início do estande. Lá o instrutor fez uso de um outro armamento que lançava granadas de CS. Só que nesse a granada não explodia e sim ficava expelindo o gás como um spray durante um período de tempo. Nos dois primeiros disparos a granada caiu atrás do estande. No terceiro disparo ela caiu em um barranco que tinha cercando o estande, lá no fundo... E lá fomos nós de novo atrás daquela fumaça maldita. Vários colegas não se aproximaram muito dessa vez, ficando a certa distância. Um que foi excessão a regra foi o colega Pombo. Aquele que rachou o quarto comigo na época do TAF. Ele subiu o baranco, abaixou a cabeça sobre a granada que ainda expelia o gás e gritou: "Ahhhhhhhhhhhh, é ALFA!!!!!!". Olhei e disse para outro colega: "O cara é imune ao gás??? Não é possível!!!". Mais tarde eu constatei que o cara realmente tinha uma resistência ao gás, enquanto a maioria sofria com os efeitos, ele sentia muito pouco ou quase nada os efeitos.
Novamente nos recuperamos e após alguns minutos foram demonstados mais alguns armamentos que lançavam as granadas mais perto e fomos expostos novamente ao gás. Depois de mais 2 exposições, formamos uma roda dando os braços uns para os outros, e fomos instruídos a não nos dispersar, mantendo a formação na roda. Os instrutores vieram com umas varas que tinham nas suas extremidades granadas de CS daquelas progressivas. O instrutor Padre segurava uma vara que tinha 3 granadas de CS na ponta. Os caras estavam se divertindo com a gente. Eu também acharia divertido, se não estivesse sofrendo tanto. Ao acionar as granadas, cinco delas falharam em sequência, sem nenhuma ter sido deflagrada. Os instrutores começaram a perguntar quem era o macumbeiro da turma e alguém da turma respondeu que o santo da turma era forte. Todavia, o estoque dos instrutores era grande e logo uma das granadas conseguiu ser deflagrada e fomos expostos mais uma vez...
Com a primeira granada deflagrada, o instrutor Fiel pegou a vareta e começou a passar o jato do gás pelo próprio corpo e rosto. Dizendo: "Esse daqui é meu, vocês esperem a sua vez!!!". Deu uns 5 segundos e o instrutor caiu no chão, não deu para ver muito bem, pois já estava com os olhos fechados prevendo os efeitos do gás. O instrutor Padre disse pra gente que aquilo podia acontecer, que não era nada demais, para a gente não ligar. A ambulância veio e levou o instrutor. Quando começamos a nos dispersar o Xerife da turma(Bilú) saiu correndo em direção ao início do estande e à ambulância que lá estava. Continuei lá me rodando igual um doido para me livrar o gás, quando vi o colega Mellado Filho que estava muito mal quase caindo no chão de tanto tossir. Levantei o colega e coloquei o braço dele sobre o meu pescoço, ficando com a axila dele no meu ombro e disse: "Calma cara, já vai passar!!! Vamos lá respira normalmente!!! Tenta normalizar a respiração..." Logo o colega Getúlio veio e me auxiliou, fazendo a mesma coisa com o outro braço do colega. Foi quando veio um dos instrutores e que o xerife tinha desistido e assinado o requerimento de desligamento do curso. A turma meio incrédula afirmou que só podia ser mentira, mas vários colegas foram na direção do xerife para saber o que havia ocorrido. Desconfiei de cara do modo que o instrutor comunicou, falando que o xerife teria um tempo para pensar se iria mesmo desistir do CFP. Já havia ouvido rumores de que algo parecido tinha acontecido com as turmas que já tinham tido o contato com o gás. Então, não dei muita atenção e continuei apoiando o colega Mellado Filho.
Houve mais uma roda de gás, sendo que dessa vez o xerife se encontrava distante somente observando. Antes do início do gás, o orientador Caju veio e perguntou se íamos começar sem ele. Abrimos a roda e ele ficou ao meu lado durante toda a experiência. Começamos a girar na roda com o gás sendo expelido e o colega Herenfio começou a puxar solitariamente o brado da turma. "Vamos lá galeraaaa!!! Forjados como o aço... cof... cof... pela instrução... cof... cof... somos indiferentes a... cof... cof... cof... qualquer... COF...COF...COF... COF... e o brado parou por aí. Foi terrível, pois comecei a querer rir do colega e ao tropeçar em uma pedra acabei respirando o gás pela boca. É muito, infinitamente pior do que pelo nariz. Na hora que aspirei o ar com o gás a garganta arde e se fecha, deixando um espaço muito pequeno para se respirar. E vc tem a vontade incontrolável de tossir e acaba por aspirar mais gás pela boca.
Após toda essa experiência, fomos divididos e iniciamos o nosso retorno ao CT, nos micro-ônibus. No trajeto de volta, fiquei sabendo que os dois colegas (Dayse e Nasprega) tinham recebido dois rolinhos de papel envolvidos em fita dos instrutores. E que foram instruídos a não os abrirem, somente os guardarem.
Já no CT, tivemos uma instrução teórica em sala-de-aula fechando a parte da manhã sem maiores novidades.
Na parte da tarde tivemos outra instrução de TDP em que o foco era o uso das algemas. Treinamos as técnicas já aprendidas e aprendemos como levantar os infratores algemados do solo. Durante a instrução, ficamos sabendo que a avaliação desta disciplina será já na próxima semana. Creio que ninguém da turma está 100% seguro nas técnicas com apenas 5 instruções.
Finalizando as instruções tivemos a última aula teórica de direito administrativo com a graça de Deus. Não sei como alguém ainda tem saco para estudar isso depois do tanto que estudamos para estarmos aqui.
Durante a ordem unida para fechar o dia, foi revelado a toda a escola que as pessoas que tinham "pedido para sair", na verdade tinham sido "convidados" a representar essa situação. E que o objetivo dessa encenação era que todas as turmas aprendessem a lidar com o sentimento de perda que inevitavelmente ocorrerá no percurso de nossa vida profissional. Os alunos que simularam a desistência estavam a frente das turmas e falaram algumas palavras. Não lembro bem o que todos falaram. Uma das alunas disse que na hora do gás ela acabou não simulando o desmaio, pois esse fora verdadeiro. E lembro bem das palavras do nosso xerife da semana: "No momento que vi a última roda e toda a turma lá dentro no gás e eu do lado de fora, senti como se estivesse sendo excluído de uma família."
Depois que os colegas de todas as turmas falaram, a aluna Dayse da minha turma perguntou o porquê do desmaio do isntrutor Fiel. Este pediu para os alunos que tinham ficado com os papéis saíssem de forma e fossem a frente das turmas. Ao chegarem ao lado do instrutor, ele pediu que ele deslacrassem os papéis, retirando a fita e verificassem se o que estava escrito era idêntico. Os colegas confirmaram que as mensagens eram iguais. O instrutor Fiel abriu um riso irônico e pediu para que o colega lesse o que estava escrito em voz alta para todos do CFP ouvissem. E este, assim o fez, dizendo: "O instrutor Fiel simulará um desmaio na instrução da turma ALFA." O instrutor disse que fez isso para provocar um terror psicológico, que era para estarmos preparados para tudo, etc... Assim, após essas declarações, houve somente o arriamento das bandeiras encerrando a 2ª semana do curso.
NW,
ResponderExcluirdeve ser um dia animal o do CS .... fico na pilha só de ler!!!
Me diz uma coisa eles mostram outros euipamentos não letais como o Taser?
[]'s
Cara são demonstrados outros equipamentos menos que letais, se não me engano foi até no mesmo dia do CS. Contudo, o que marca mesmo é a experiência com o gás. Quem inventou aquilo tem pacto com o demo, porque aquilo não é de Deus não...
ResponderExcluirNossa que dia cheio e de aprendizagem,mas me vez "viajar" pra situação e alguns momentos me fez lembrar da época do exército(CPOR)onde entramos numa barraca de campo pra fazermos a instrução de gás,foi horrivel e muito parecida com essa,em relaão a ajudar amigos,alguns sofrendo mais que outros só não tinha a simulação do alunos e do instrutor,mas muito bom ter iso como bagagem....Nossa,só me fez ter mais certeza e vontade de adentrar na gloriosa.
ResponderExcluirValeu Night
Abração!!